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Segunda-feira, 07 de Julho de 2025
Galinha com prótese? UFPR usa impressora 3D para devolver mobilidade a animais resgatados
Correio do Ar

O que galinhas, cachorros e até ovelhas têm em comum? Todos ganharam uma nova chance de andar e correr, graças a uma ideia inovadora de dois projetos de extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que estão usando impressão 3D para criar próteses e órteses sob medida para animais com deficiência ou que por algum motivo perderam o movimento de uma das patas.
Um dos casos que mais chamam atenção é o da Gorda, uma galinha resgatada, diagnosticada com câncer e que perdeu parte da pata. Ela virou a estrela dos laboratórios Engenhar-MEC e 3D Life Lab, onde professores e alunos da Universidade Federal do Paraná estão desenvolvendo soluções de baixo custo que combinam tecnologia de ponta e muito carinho pelos bichos.
Como a lesão não cicatrizava, optou-se pela amputação do membro afetado. Os veterinários usaram um modelo disponível na internet e o adaptaram às medidas do coto.
“Após testar uma primeira versão, substituímos a extremidade por uma esfera, pois os dedos do modelo original comprometiam a funcionalidade. No dia da instalação, ela se mostrou receosa e caminhou pouco, mas depois recebemos a informação de que se adaptou bem”, conta a professora Maria Fernanda Torres, do Departamento de Anatomia da UFPR.
Além da Gorda, outros animais viram sua vida mudar com o projeto. O cachorrinho Chico, um bulldog francês com uma deformação na coluna, voltou a correr com ajuda de um carrinho sob medida.
“Após atendimento com um ortopedista do Hospital Veterinário e uso de medicação, Chico conseguiu ficar em pé, embora ainda com pouca estabilidade. Desenvolvemos, então, um carrinho de alumínio e ele saiu correndo pelos corredores do Setor de Tecnologia assim que foi colocado sobre a estrutura”, relembra a professora.
A ovelha Vitória pertence a uma residente da área de grandes animais do Hospital Veterinário. Após ser atacada por um cão, sofreu uma mordida no pé que causou uma lesão nervosa, resultando em uma posição de flexão permanente. Com o membro virado para trás, o apoio constante gerava uma ferida na pele que não cicatrizava.
“Moldamos o membro com atadura gessada e desenvolvemos uma órtese com um ‘salto’, a fim de nivelar a altura em relação ao outro membro e proteger a região lesionada. A ovelha passou a utilizar um ‘tamanquinho’, que além de garantir a altura adequada, contribui para a preservação da pele”, afirma Maria Fernanda.
Salvando patas e histórias
O trabalho começa com a moldagem da parte afetada, geralmente com atadura gessada. Depois, os moldes são digitalizados, convertidos em arquivos tridimensionais e impressos em plásticos como PLA, PETG ou TPU — o último com alta flexibilidade. O mais incrível? Tudo isso é oferecido gratuitamente aos tutores dos animais, graças a uma parceria com uma empresa privada.
“Em geral, utilizamos filamentos plásticos, sendo os mais comuns o PLA, PETG e TPU, este último com propriedades flexíveis. Os materiais e os equipamentos são fornecidos por uma empresa privada parceira do projeto, o que permite que os produtos sejam disponibilizados sem custo para os tutores dos animais”, explica o professor Sérgio Lajarin, do Departamento de Engenharia Mecânica.
E cada caso é único: não existe “modelo padrão”. A equipe ajusta cada prótese ou órtese conforme o animal, seu tipo de lesão e necessidades específicas. Às vezes, como no caso da Gorda, até um modelo da internet pode ser reaproveitado — com melhorias, claro.
Ciência que ensina e emociona
Além de ajudar os animais, o projeto também forma profissionais mais humanos e preparados. Alunos de engenharia e veterinária aprendem juntos, compartilham saberes, descobrem outras formas de cuidar e inovar.
“Aprendi ainda mais sobre a importância de compreender a história e a individualidade de cada animal. A iniciativa também favorece a proximidade com o paciente e com o tutor, o que proporciona aprendizados significativos sobre ética profissional e respeito ao indivíduo atendido. Esse contato contribui para o desenvolvimento de uma visão crítica em relação ao planejamento e às condutas adotadas em cada situação clínica”, conta a estudante Bárbara Beatriz Garcia Santos, do 9º período de Medicina Veterinária.
Fonte: Portal Nova Santa Rosa por Banda B


