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Sexta-feira, 30 de Maio de 2025
Por que sentimos “borboletas no estômago”?
Correio do Ar

Você está prestes a fazer uma apresentação importante, encontrar alguém que gosta muito ou receber uma notícia que pode mudar tudo. De repente, aquele friozinho na barriga aparece, e parece que algo está se mexendo dentro de você — quase como pequenas borboletas voando no estômago. Mas o que, afinal, causa essa sensação tão comum e, ao mesmo tempo, tão misteriosa?
A resposta está dentro de você — literalmente.
A origem do termo
A expressão “borboletas no estômago” é uma metáfora usada para descrever uma sensação física causada por um estado emocional intenso. Apesar de soar poética, ela descreve um fenômeno real que envolve múltiplos sistemas do corpo humano, especialmente o sistema nervoso e o sistema digestivo. E o mais interessante é que ela pode acontecer em momentos de medo, ansiedade, excitação ou paixão — emoções muito diferentes, mas que ativam reações semelhantes em nosso organismo.
O papel do sistema nervoso
Quando você se depara com uma situação emocionalmente carregada, seu corpo ativa o chamado sistema nervoso autônomo, mais especificamente a resposta simpática, também conhecida como "luta ou fuga" (do inglês fight or flight). Esse sistema é como um botão de emergência interno, pronto para preparar o corpo para enfrentar o que ele interpreta como um desafio ou possível ameaça — mesmo que essa "ameaça" seja um simples encontro ou entrevista de emprego.
Nesse momento, ocorre uma verdadeira reprogramação do seu corpo:
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Os batimentos cardíacos aceleram
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A respiração se torna mais rápida
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As pupilas se dilatam
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E, claro, o fluxo sanguíneo é redistribuído
Esse último ponto é crucial: o corpo desvia sangue de órgãos considerados menos prioritários — como o estômago e os intestinos — para áreas como os músculos e o cérebro, preparando-se para agir rapidamente. Esse redirecionamento afeta diretamente o funcionamento do sistema digestivo.
O estômago “reage” à emoção
Com menos sangue circulando, o estômago passa a funcionar de forma mais lenta e pode ter alterações no tônus muscular, o que causa uma sensação de contração leve, frio ou vazio — algo que o cérebro interpreta como "movimento" dentro da barriga. Essa é a origem da sensação de “borboletas”.
Além disso, há o impacto da liberação de hormônios como a adrenalina e o cortisol, que aumentam a vigilância do corpo e a sensibilidade dos órgãos, especialmente o trato gastrointestinal. Em resumo, seu corpo está dizendo: “prepare-se, algo importante está acontecendo”.
O intestino: nosso “segundo cérebro”
Outro ponto fascinante: o intestino tem sua própria rede de neurônios — um sistema nervoso entérico — com cerca de 100 milhões de células nervosas. É tanta complexidade que ele é apelidado por muitos cientistas como o “segundo cérebro”.
Esse sistema se comunica com o cérebro principal por meio do nervo vago, uma verdadeira linha direta de comunicação entre a mente e o corpo. É por isso que sentimentos de ansiedade, estresse ou excitação amorosa podem gerar sintomas físicos como náuseas, desconforto abdominal e, claro, a sensação das “borboletas”.
Medo e amor: o corpo não distingue tão bem
É curioso pensar que o corpo reage de forma parecida ao medo e ao amor. Isso porque ambos ativam emoções intensas que provocam a mesma reação bioquímica. É por isso que as “borboletas” podem aparecer tanto em um encontro romântico quanto antes de uma prova difícil. O que muda é o contexto — mas, para o corpo, o alerta está dado.
Um sinal de que você se importa
No fim das contas, sentir “borboletas no estômago” é uma forma do corpo mostrar que algo está em jogo. É uma reação natural e, de certa forma, bonita. Ela nos lembra de que estamos vivos, atentos, e emocionalmente conectados com o que estamos vivendo.
Por mais desconfortável que pareça, essa sensação pode ser um sinal positivo: você está envolvido, empolgado, e pronto para enfrentar o que vier.
E então... sentiu as borboletas aí?
Na próxima vez que aquele friozinho surgir, respire fundo. Talvez você esteja diante de algo especial. E agora você sabe — não é magia nem exagero. É o seu corpo, agindo como deve.